O jornal Folha de S. Paulo utilizou uma foto da mobilização dos servidores técnico-administrativos durante a greve deste ano para ilustrar matéria com o título
“Carreiras de elite no setor público vão ganhar até R$ 36 mil com aumentos que chegam a 10,9%”. Servidores da UnB e o cartaz do SINTFUB, que virou marca da mobilização deste ano, se destacam na imagem, o que é uma afronta aos servidores que realizaram uma greve histórica neste ano justamente para tentar reverter o quadro de desvalorização e baixos salários da categoria.
Desinformação
A imagem vinculada ao título confunde o público em geral com a ideia de que os técnico-administrativos fazem parte do que chamam de “elite do setor público”, um setor privilegiado, afastado da população em geral; quando na verdade, o salário inicial da categoria está muito mais próximo do salário mínimo que do teto do funcionalismo.
Os(as) servidores(as) técnico-administrativos que iniciam a carreira com um vencimento que corresponde ao salário mínimo nacional (salário inicial da carreira está em R$ 1.446,12), um dos menores salários do funcionalismo, lutam para sair da invisibilidade e por valorização.
Defender os serviços públicos
A matéria comenta os 45 acordos salariais assinados entre o governo Lula e os sindicatos. Embora o texto traga conteúdo que relata “distorções e desigualdades”, o título e a foto que ilustram a matéria não correspondem ao conteúdo e muito menos à realidade.
Os entrevistados citados ao longo do texto comentam quais setores foram mais beneficiados nos acordos e explicam que o funcionalismo e o governo buscaram reverter o congelamento salarial e reestruturar carreiras que há anos lutavam por correções. Como é o caso dos técnico-administrativos em Educação e do PCCTAE, cujas conquistas da GREVE ainda não contemplam todas as reivindicações da categoria.
De acordo com o texto, o impacto orçamentário dos acordos e reestruturação de carreira firmados pelo MGI será de 16 bilhões de reais. Isto para cerca de 98% dos servidores federais, ou seja, mais de meio milhão de pessoas.
Orçamento para o povo
A imprensa que ilustra matéria sobre “elite do funcionalismo” com imagem de setores com as menores remunerações desse setor, acaba condenando a luta por salários e carreira, confundindo o que consideram privilegiados com a base do funcionalismo. Condena a destinação de recursos para o serviço público, mas se cala diante do confisco do Orçamento pelos banqueiros.
Apenas em 2024, por exemplo, 45,98% das despesas previstas no Orçamento federal foram reservadas para o sistema financeiro através do pagamento dos juros da dívida pública. Isso corresponde a mais de 10 vezes o valor reservado à área da saúde. Para 2025, essas mesmas reservas devem prejudicar as áreas de saneamento e urbanismo com redução de verbas. O pagamento da dívida pública em detrimento da prevenção e cuidados com a população pelo governo do PSDB, no Rio Grande do Sul, com Eduardo Leite, foi responsável pelo desastre após as chuvas no começo do ano.
Nós servidores técnico-administrativos em Educação somos quase 200 mil trabalhadores em todo o País e continuaremos lutando por Orçamento para a Educação, por melhores condições de trabalho, salário e carreira. Pois isso é defender a Universidade Pública e o desenvolvimento do Brasil.